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CPI da Intolerância Religiosa pede investigação contra Uber e 99 RJ BNRJ

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Intolerância Religiosa da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) oficiou o Ministério Público para que seja aberta uma investigação contra a Uber e a 99. Segundo o relator da comissão, deputado Átila Nunes, há omissão dos aplicativos de transportes nos casos de preconceitos de motoristas contra os passageiros.

“São incontáveis os casos de passageiros que têm suas corridas canceladas quando alguns motoristas identificam que o endereço é de um centro espírita. São comuns ainda casos de condutores que se negam a transportar pessoas com vestimentas brancas, característica dos seguidores dos cultos afro-brasileiros”, revela o deputado ao Metrópoles.

 

Ainda de acordo com o relator, as queixas dos passageiros não são apuradas e os colaboradores denunciados seguem livres para trabalhar, sem qualquer tipo de advertência pela atitude preconceituosa. “Não basta monitorar os motoristas que cancelam as corridas. É fundamental que se saiba a razão dos cancelamentos, já que um grande número é decorrente de preconceito religioso”, completa.

sacerdote Manu da Oxum, por exemplo, perdeu a conta de quantas vezes, ao final das sessões de sua casa, condutores de aplicativos, ao se aproximarem de sua sede e ao verem os médiuns vestidos de branco aguardando na porta, negaram-se a parar para pegar os passageiros, arrancando com o carro.

E quando param os carros e aceitam a corrida, muitos abusam do uso de seus rádios, sintonizando em emissoras com músicas gospel, constrangendo passageiros de outras religiões. O preconceito por parte de alguns motoristas não se resume ao aspecto religioso. Homossexuais e negros são também alvos de preconceito”, avalia Átila, acrescentando que considera “indispensável a intervenção da Secretaria Municipal de Transportes do Rio, assim como das demais pastas dos demais municípios, para interromper os episódios.

“Todos os casos em que esteja caracterizado o crime de preconceito, seja religioso, por orientação racial ou sexual, devem ser imediatamente comunicados à Delegacia de Crimes Raciais e Combate à Intolerância (Decradi) para que sejam abertos inquéritos, sendo seus autores denunciados”, completa.

CPI foi prorrogada

A Comissão já realizou seis audiências com membros do Ministério Público Federal e do estadual, a delegada da Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) e de outras delegacias onde foram registrados casos de preconceito religioso. O Estado do Rio registrou 1,3 mil crimes relacionados à questão somente em 2020. Foram mais de 3 casos por dia no último ano, de acordo com levantamento do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP-RJ).

A CPI foi instalada em 18 de maio e, no mês passado, a atuação do grupo foi prorrogada por 90 dias atendendo a um pedido feito pelos membros da comissão, formada pelos deputados deputada Martha Rocha (PDT) como presidente, deputada Tia Ju (REP) para vice-presidente, deputado Átila Nunes (MDB) como relator. O grupo também é composto pelos deputados Waldeck Carneiro (PT), Carlos Minc (PSB), Noel de Carvalho (PSDB), e pelas deputadas Dani Monteiro (Psol), Renata Souza (Psol), Monica Francisco (Psol) e Adriana Balthazar (NOVO).

Os delitos foram divididos em três grupos:

1.188 vítimas de injúria por preconceito

144 vítimas de preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional

 

23 casos de ultraje a culto religioso

Deputado relator ameaçado

A denúncia de mais destaque apurada pelo grupo foi a levada pelo próprio relator da CPI, ameaçado por fanáticos de uma igreja neopentecostal, que diz ter um grupo de 7 mil seguidores “dispostos a tudo”. Esse coletivo é chefiado pelo autointitulado pastor Tupirani, da Igreja Geração de Cristo. Em alguns episódios, enfrentou a Guarda Municipal com luta corporal e depredou centros espíritas, disparando ofensas preconceituosas contra judeus, muçulmanos, negros, gays e católicos.

 

“Este mesmo grupo não poupa ofensas, por meio de palavrões, aos Ministérios Públicos Federal e Estadual, bem como as Polícias Federal e Estadual, além dos poderes judiciário e legislativo. Por isso, solicitamos a retirada de conteúdo ofensivo das redes sociais do grupo”, completou o deputado. 

Metrópoles

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