DestaqueSaúde

Da piscina à igreja: 9 capitais do Brasil, exigem passaporte da vacina BNRJ

Após as medidas de distanciamento social determinadas em consequência da pandemia de Covid-19, o retorno ao convívio mais abrangente em sociedade tem exigido uma série de adaptações.

Atualmente, uma das principais discussões entre autoridades sanitárias é a adoção do passaporte da vacina, ou seja, a exigência de comprovação de imunização para poder frequentar bares, festas e outros locais de acesso coletivo.

No Brasil, nove capitais já têm regras definidas, e oito estão discutindo a adoção. Até o momento, somente Belo Horizonte e Curitiba descartam adotar o mecanismo. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também tem dito insistentemente que não pretende acolher a medida.

Os dados foram levantados pelo Metrópoles.

Para o leitor ter dimensão de como o passaporte da vacina interfere no cotidiano, uma atividade simples, como ir à piscina do condomínio, pode ser impactada.

As regras já aprovadas determinam a comprovação de imunização para acesso a uma série de ambientes, como bares, restaurantes, clubes, museus, shows, jogos esportivos, academias, cinemas, teatros e até mesmo igrejas (veja exigência por capital na lista abaixo).

Porto Alegre, Florianópolis, Campo Grande, Goiânia, Cuiabá, Teresina, Fortaleza e João Pessoa ainda discutem se adotarão a regra e qual possível delimitação terá.

Uma das regras mais polêmicas é a de Recife. Na capital pernambucana, o caso foi parar na Justiça. Lá, o Partido Social Cristão (PSC) entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a exigência.

Com o intuito de diminuir o risco de transmissão da Covid, o governo estadual determinou que em templos e igrejas do estado seja exigida a apresentação de documento que ateste vacinação de quem quiser frequentar cultos e missas em locais com mais de 300 pessoas.

O partido tentar derrubar o decreto do governador do estado, Paulo Câmara (PSB), e ressalta que a mesma condição não foi imposta para outros espaços, como shoppings e restaurantes.

Na terça-feira (5/10), a Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou a adoção do passaporte. A medida estabelece a exigência do comprovante em bares, restaurantes e shows, entre outros ambientes de lazer.

O projeto ainda precisa ser sancionado pelo governador João Azevêdo (Cidadania) para entrar em vigor. Ele já sinalizou apoio à proposta.

A seguir, em ordem alfabética, as capitais nas quais o passaporte de vacina é exigido e os locais das restrições:

  • João Pessoa: bares, restaurantes, shows, entre outros ambientes de lazer.
  • Manaus: bares, restaurantes, flutuantes, museus e eventos culturais.
  • Natal: comprovação de pelo menos uma dose do imunizante contra a Covid-19 passa a ser exigida como protocolo para eventos com mais de 600 pessoas.
  • Palmas: eventos realizados em ambientes públicos ou privados que ultrapassem a quantidade de 200 pessoas.
  • Porto Velho: eventos com 100 pessoas ou mais.
  • Recife: igrejas e templos religiosos que fizerem eventos com mais de 300 pessoas precisam exigir o comprovante.
  • Rio de Janeiro: piscinas, pontos turísticos da capital carioca, museus, academias, cinemas, teatros, dentre outros.
  • Salvador: eventos, restaurantes e estabelecimentos, como lojas.
  • São Paulo: shows, feiras, congressos e jogos só podem ser frequentados por vacinados. A medida se aplica para ocasiões com mais de 500 pessoas.

Ao todo, a exigência é realidade em 249 municípios, segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

São Paulo e Rio de Janeiro iniciaram o movimento pela comprovação da imunização. Na capital paulista, a exigência vale apenas para eventos, como shows, feiras e congressos — estabelecimentos comerciais ficaram de fora.

Já na capital fluminense, além dos espaços de eventos, o documento também é exigido em academias, clubes, cinemas e teatros. Em ambas as capitais, não é preciso que a pessoa já tenha tomado as duas doses ou a dose única. Se a pessoa tomou apenas uma dose e está seguindo o calendário de vacinação, também está liberada.

Medida drástica

A infectologista Ana Helena Germoglio, professora assistente de medicina no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e especialista em prevenção de infecções hospitalares, explica que a medida é drástica e reflete uma mudança de comportamento do brasileiro.

 

“A gente chegou ao ponto de exigir o certificado. O Brasil sempre foi reconhecido por ser um país em que a população era aberta à vacinação, mas por diversas questões, sobretudo políticas, os grupos antivacinas estão tendo mais voz e colocando dúvida na população”, avalia a médica.

Para a docente, vacinar-se deveria ser uma questão de consciência de cada cidadão para a saúde coletiva. “A partir do momento que a vacinação vira política, e não saúde pública, precisamos dessa obrigatoriedade”, frisa.

Ana Helena conclui: “Essa medida drástica não estimula, mas obriga a vacinação a contragosto. Está mais do que provado que as vacinas são seguras e eficazes. Se vacinar não for para o controle da pandemia, será pelo passe livre para acessar os lugares”.

 

Bolsonaro é contra

Em agenda em Belo Horizonte (MG) no fim do mês passado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a fazer críticas ao passaporte da vacina e afirmou que o documento é uma forma de “discriminar” as pessoas que optaram por não tomar o imunizante.

Antes, na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o mandatário da República assinalou que o governo brasileiro está investindo na imunização, mas que não se pode obrigar a população a tomar a vacina.

“Apoiamos a vacinação, contudo, o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacina”, afirmou à época. Metrópoles

Artigos relacionados

DEIXAR UM COMENTÁRIO

Política de moderação de comentários: A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro ou o jornalista responsável por blogs e/ou sites e portais de notícias, inclusive quanto a comentários. Portanto, o jornalista responsável por este Portal de Notícias reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal e/ou familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.
Botão Voltar ao topo