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Rio Araguaia nunca visto antes: água some totalmente em alguns canais BNRJ

Goiânia – Segurar as lágrimas diante dos efeitos da estiagem e da degradação ambiental em alguns pontos do rio Araguaia, um dos mais famosos do Centro-Oeste, tem sido tarefa difícil para pescadores e ribeirinhos que enfrentam uma das piores secas de todos os tempos.

Áreas inteiras de canais longos e largos, comumente tomadas pela água e repletas de peixe, estão na terra fofa e na poeira, algo inédito, segundo a população local. Na região da Viúva, em Nova Crixás (GO), pessoas chegam a passar de carro por um dos canais do Araguaia, onde, até há pouco tempo, corria o leito do rio e só era possível sair de canoa ou barco.

O extremo atingido pela seca no Araguaia neste ano é o retrato da combinação fatal entre desmatamento, assoreamento, degradação de nascentes, uso irregular da água e o consequente desequilíbrio ambiental. Essas causas são velhas conhecidas de moradores da região, empresários do agronegócio e do poder público. Revertê-las, no entanto, é o que já parece impossível.

Para o delegado de Meio Ambiente da Polícia Civil de Goiás (PCGO), Luziano de Carvalho, que já desenvolveu projetos de recuperação de nascentes e contenção de voçorocas ao longo do rio, o Araguaia atingiu um ponto de desequilíbrio, entre o que existe de demanda e ação depredatória e o que o rio tem para oferecer.

“Penso nos meus netos”

De frente para o canal totalmente seco, na região da Viúva, o aposentado Vanderlino Caetano Lopes, de 67 anos, não contém o choro. A afetividade que ele construiu com o rio ao longo de 50 anos de viagens, pescarias e, agora, como morador da região, expressa-se, naturalmente, diante da imagem que se formou com o sumiço da água.

“Eu penso nos meus netos, que não vão ver o que eu já vi. Eu conheci o Araguaia quando eu tinha 17 anos. Você vinha e tinha peixe grande que não existia linha que aguentava pegar ele. Hoje você tem a linha e não tem o peixe. A degradação é uma loucura”, diz ele, emocionado.

O tempo é o que permite a comparação, aos olhos dos mais velhos, e, também, é o que acelera a preocupação de todos, independentemente da idade. Imaginar como estará o rio que atrai turistas de todo o Brasil durante a alta temporada, no próximo ano ou ao final da próxima década, é inevitável. E o cenário não se mostra positivo. Metrópoles DF

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